GT Dança, corpo e cultura – Anais da V Reunião Científica

 
  • Dança como área de conhecimento – dos PCNs à implementação no Sistema educacional Municipal de Manaus

Amanda da Silva Pinto

Escola de Educação Básica e Profissional Fundação Bradesco – Manaus; Secretaria de Cultura do Amazonas – Corpos Estáveis

Especialista, cursando Mestrado

Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia

Professora e bailarina

Lenira Peral Rengel

Orientadora. Professora, dançarina e coreógrafa. Professora Doutora da Escola de Dança da UFBA-BA. Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica, PUC/SP.

Universidade Federal da Bahia – UFBA

Resumo: A pesquisa que se apresenta permeia as preocupações no que diz respeito à implementação da Dança na Escola, especificamente no Projeto Político Pedagógico do Sistema Educacional Municipal de Manaus, assumindo-a como área de conhecimento, contemplado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para a Dança.  Com referência nesses Parâmetros para a Dança é que se busca nesta pesquisa tentar compreender as lacunas teóricas presentes entre eles e o Projeto Político Pedagógico (PPP), visto que, é provavelmente um problema de compreensão pelas Políticas Públicas de a Dança ser parte da Educação Escolar, como também um problema de entender o corpo na Escola.  O que se tem hoje curricularmente inserido são as disciplinas de Educação Artística e Educação Física, onde um ou outro professor trabalha a dança por iniciativa própria (sem se referenciar nos PCNs para a Dança), e não como uma disciplina que tem conhecimento e signos próprios a sua linguagem, e que deve estar articulada às demais disciplinas, o que é fruto de um PPP. Este estudo se constituirá na análise do documento especificado, e será desenvolvido por meio de uma abordagem qualitativa, proposta por Antônio Severino, focando no que ele entende por Análise de Conteúdo, onde a Dança será analisada nos seus aspectos teórico-metodológicos, artísticos e transdisciplinares. Esta análise é construída fazendo conexões com as áreas de Estudos do Corpo (Lenira Rengel e Michela Parisoli), da Educação (Boaventura de Souza Santos e Ana Mae Barbosa), da Dança como área de conhecimento (PCNs, FINEP e CNPq), da Cognição (Lenira Rengel e António Damasio) e dos Estudos da Cultura, sobre projetos e leitura de Políticas Públicas (Gilsamara Moura), conceito de Saber/Poder (Michael Foucault) e ainda da Dança (Helena Katz). Os estudos sobre “meme” de Richard Dawkins e sobre “tabula rasa” de Steven Pinker também permearão esta construção analítica.  Esta pesquisa é um projeto de dissertação, e que já está em execução, com previsão de término em dezembro de 2010.

Palavras-Chave: Dança; Escola; Projeto Político Pedagógico

 

  • A relação entre o jornalismo cultural e a dança: o caso das companhias públicas no Brasil

Ana Cristina Etchevenguá Teixeira

Mestre

Doutoranda em comunicação e semiótica PUC/SP

Pesquisadora, consultora para o SESC TV (programa dança contemporânea) e pesquisadora/redatora para o Itaú cultural (enciclopédia da dança)

Resumo: Olhar para um objeto buscando entendê-lo como uma mídia da coleção de informações que o constitui. O conceito de mídia que fundamenta esta pesquisa é o da Teoria Corpomídia (KATZ; GREINER 2001, 2003, 2005, 2006), e propõe que as informações organizadas na forma de um corpo – seja vivo ou não – estão sempre em um trânsito contínuo com o ambiente (KATZ, 2004). O objeto aqui escolhido como mídia são as 16 companhias brasileiras oficiais de dança. A hipótese é a de que elas tornam-se mídias de um determinado tipo de poder, instaurado na sua própria estrutura. Elas replicam, na sua constituição administrativa, entendimentos importados da Europa Central do século XVII, época e local onde foram inventadas. Transplantam os princípios hierárquicos das sociedades que as gestaram para ambientes muito diferentes, tornando-se poderosas mídias de uma época já desaparecida (vinculada à nobreza centro-europeia). O texto tem como objetivo refletir sobre a replicação desse modelo na cultura brasileira, processo no qual o jornalismo cultural ocupa um papel de destaque. Seu comportamento em relação a essas companhias colabora para que elas continuem sendo mídias difusoras de uma prática colonial.

Palavras-chave: jornalismo cultural, corpomídia, cias oficiais de dança, pós-colonialismo.

 

  • Memória e continuidade: por um(a) novo(a)o Pró-Posição

Andréia Vieira Abdenur Camargo

bailarina e atriz

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Resumo: Este artigo discute a memória como continuidade nos processos artísticos, em detrimento da noção de retomada, recuperação ou retorno. Através da experiência de relançamento do grupo de dança Pró-Posição, 25 anos após seu encerramento, investigaremos o fenômeno da reaparição, como uma nova proposição, dentro de continuidades e descontinuidades recorrentes nos atos de esquecer e memorar. O Grupo Pró-Posição, fundado em 1973 e extinto em 1983, foi esparsamente citado em biografias, “livros-catálogos” e alguns poucos textos que narram a trajetória da dança paulista. Nas publicações em jornais, há um quadro de críticas e reportagens, realizadas nos anos 70 e 80, com pontuadas referências durante as as ressurgências do grupo, na  década de 90. Nos anos seguintes, o grupo caiu em total esquecimento, até sua mais recente aparição, em 2008, quando voltou a figurar nos cadernos de cultura. Dessa forma, o estado da arte deste estudo apresenta um território ainda pouco visitado, que merece aprofundamento.A Teoria Corpomídia (Katz&Greiner) será usada como um articulador entre teorias evolucionistas e a semiótica da cultura. O problema principal da pesquisa reside em questionar o que determinaria o ressurgimento do grupo como um fenômeno de continuidade e não de retomada. A hipótese básica aqui levantada prega a necessidade do esquecimento como complemento da memória. Concatenando estes campos epistemológicos, a pesquisa segue em direção a uma tese que pensa a dança como um fenômeno da comunicação e a ela correlato.

Palavras-chave: dança, corpomídia, memória, esquecimento, Grupo Pró-Posição.

 

  • Práticas do ensino da dança não emancipatório dos professores que atuam em escolas de rede particular de educação infantil em Salvador

Carine Andrade

Graduação

Mestranda no Pós -Graduação em Dança / UFBA – Universidade Federal da Bahia

 

Resumo: Esta pesquisa propõe apresentar uma abordagem acerca das práticas pedagógicas do ensino da dança em escolas de rede particular de educação infantil, situadas na cidade de Salvador. Visa especificar os modos de atuação dos professores de dança que trabalham com a técnica de ballet clássico, considerando que a atual prática pedagógica do ensino da dança não favorece o desenvolvimento a emancipação do aluno na experiência em dança. Propõe-se assim, focar nos modos de ensinar, considerando que tais modos têm se configurando numa abordagem tecnicista somente, abarcando características que limitam a exploração do trabalho de corpo na dança nestes contextos.

Palavras Chaves: ballet clássico, ensino de dança, educação infantil, escolas, emancipação

 

  • Dança: design em evolução

Carolina Camargo De Nadai

Graduada

Programa de Pós-Graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia (mestrado)

Pesquisadora, bailarina e produtora. Graduada em dança pela Faculdade de Artes do Paraná.

 

Resumo: A presente pesquisa tem como objeto de estudo, as relações entre os processos: corpo e dança. A partir de referenciais da teoria evolucionista darwiniana e das ciências cognitivas, além dos estudos de imagem como informação – apresentados por Machado (2004) – o intuito é perceber que as relações do homem estão implicadas entre natureza e cultura. Estas teorias dão subsídios científicos, que sugerem discussões que também são do campo filosófico, como, por exemplo, a tão polêmica discussão em torno do dicotômico entendimento de corpo e mente.

Palavras-chave: dança, design, evolução, natureza, cultura

 

  • A Revolta da Carne no Japão e no Brasil

Christine Greiner

Pós-doutorado

Assistente-doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Resumo: Estas reflexões giram em torno de uma exposição que organizei em agosto de 2009, ao lado de Ricardo Fernandes e Hideki Matsuka para promover o encontro de acontecimentos e reflexões que tiveram início no ano de 1959, no Japão e no Brasil, inspiradas respectivamente pelo movimento butô e o manifesto neoconcreto. Mais do que um extenso mapeamento das experiências geradas neste momento e que prosseguiram pelos anos de 1960 e 1970, optamos por garimpar uma trilha de percepções que mudaram radicalmente os modos de se compreender o corpo, a arte e as suas relações com a filosofia, deixando traços irreversíveis pelos diversos ambientes onde foram (e continuam a ser) testados desde então.

Palavras-chave: corpomídia, butô, neoconcretismo

 

  • Sobre perspectivas teóricas do espaço em: dança e literatura

Daniella de Aguiar

Pesquisadora, criadora-intérprete e professora de dança

Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Resumo: O espaço constitui uma importante categoria analítica, e se encontra em diferentes sistemas artísticos e processos de linguagem. Em dança, o espaço pode ser estabelecido através de um equilíbrio entre a orientação do corpo do dançarino e a orientação de uma superfície. Pode ser considerado, portanto, o resultado da relação entre estes participantes e sua ambiência. Rudolf Laban, um dos pesquisadores que mais contribuiu para a investigação desta categoria na dança, trabalhou com a idéia de espaço referindo-se com freqüência ao movimento corporal do dançarino, mais do que à relação de dançarinos com objetos ou com o ambiente que o rodeia, ou o próprio ambiente especificamente. Em literatura, o espaço ficcional tradicionalmente é considerado o local onde a ação narrativa ocorre. A comparação desta categoria, especialmente o modo como é concebida em diferentes sistemas, neste caso entre literatura e dança, pode levar a uma melhor compreensão das relações que o espaço pode estabelecer com outros aspectos das obras de dança. Inicialmente apresentarei alguns tipos de concepção do espaço em literatura e em dança, levando em consideração abordagens artísticas. Ao final são sugeridas perspectivas para futuras aproximações entre estes sistemas através desta categoria utilizando as diferentes noções de espaço provenientes da Geografia Cultural, a partir de Marc Brosseau e Paul Claval, na qual se observa a tentativa de inclusão do humano e de suas atividades sociais e fenomenológicas na noção de ‘sense of place’; e das Ciências Biológicas, mais especificamente elaboradas pelo evolucionista Richard Lewontin que defende a idéia de que o espaço circunscrito de um organismo (humano ou não) é igual às suas necessidades e atividades, o que coloca em questão a relação interno/externo na definição de espaço.

Palavras-chave: espaço; dança; literatura; cenografia; geografia cultural; biologia

 

  • Por uma economia da cultura – o silêncio das mídias

Doralice Soares Leão (Dora Leão)

Mestre

Doutoranda no Programação Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica – PUC/SP

Pesquisadora, Economista e Produtora Cultural

Resumo: As discussões sobre a economia da cultura são ainda incipientes no nosso país e as mídias, especialmente o jornalismo cultural e o jornalismo econômico, têm um papel importante nessa característica. Há um silenciamento a respeito desse tema, embora os benefícios gerados nesse segmento da cadeia produtiva da sociedade sejam indispensáveis tanto para o desenvolvimento de políticas públicas para a cultura quanto para a alavancagem da economia, com reflexos de considerável importância nas relações internacionais, especialmente em tempos nos quais as dificuldades produzidas pela globalização já são melhor compreendidas. Embora já tenham sido empreendidas algumas pesquisas esparsas, estamos muito distantes do hábito de mantê-las e, assim, carecemos tanto de dados sistematizados quanto de sua disseminação para tornar clara a importância desse segmento. As consequências são vastas e, para pincelar a gravidade da situação, basta lembrar que a falta de clareza da relação entre cultura e economia favorece a idéia de que cultura é só entretenimento e nada gera, em termos econômicos. A cultura agrega valor e gera índices de sustentabilidade, além de colaborar para o desenvolvimento sustentável. O mercado carece de dados confiáveis para a divulgação do setor cultural em sua dimensão econômica, e o jornalismo cultural, bem como o jornalismo econômico, podem colaborar para que essa situação seja revertida.

Palavras-chave: jornalismo cultural, jornalismo econômico, economia da cultura.

 

  • Dança e AIDS: vulnerabilidade e negociações do/no corpo que dança

Eline Gomes de Araújo [1], Hugo Leonardo da Silva [2], Sandra Corradini [3]

CEDAP-BA [1]

Especialista [1], Mestre [2], Especialista [3]

PPGDança/UFBA[1], PPGAC/UFBA[2], PPGDança/UFBA [3]

Médica infectologista [1], dançarino e professor de dança [2], dançarina e psicopedagoga [3]

Resumo: A AIDS é considerada hoje uma epidemia complexa, heterogênea, ainda marcada por estigmas sociais e preconceitos. O presente artigo discute algumas questões concernentes ao corpo e sua vulnerabilidade no contexto de pessoas com HIV/AIDS que vivenciam a dança contato improvisação. Para tanto, entrelaçam-se os pressupostos corpomídia (Greiner e Katz) e relações de micropoder (Foucault) para enfocar os processos de escolha implicados na construção da autonomia corporal, ressaltando-se a interdisciplinaridade entre dança e medicina, entendidas aqui como campos co-dependentes e que co-evoluem entre si.

A prática de contato improvisação permite investigar as negociações do/no corpo enquanto dança ao promover o diálogo a partir do contato com o outro. Neste sentido, as relações entre os corpos que dançam prescindem de um estado de escuta corporal, cuja qualidade está relacionada à atenção e à percepção contínuas tanto em relação a si como ao outro. Os limites permitidos são negociados pelos sujeitos que dançam, num jogo corporal em que as vulnerabilidades se evidenciam.

Tendo em vista que no âmbito da AIDS vulnerabilidade diz respeito não apenas à exposição do sujeito ao risco, mas também a diversos condicionantes co-implicados no contexto em que se toma decisões, a dança, como via de acesso a novas informações, tende a romper paradigmas ao engendrar processos reconfigurativos no/do corpo, que se reverberam nos discursos, comportamentos e relações de poder que permeiam as práticas cotidianas.

Palavras-chave: AIDS, dança, contato improvisação, vulnerabilidade.

 

  • Processo como lógica de composição na Dança e na História

Fabiana Dultra Britto

Universidade Federal da Bahia

Pós-Doutora pela Bauhaus Universität – Weimar

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Dança

Resumo: Esse artigo propõe argumentar que uma idéia de dança é formulada corporalmente, a partir das sínteses resultantes dos relacionamentos que o corpo estabelece em seu contexto de existência. E o que chamamos composição dramatúrgica em dança é um processo de manipulação dessas sínteses para configurar estruturas de ação que, baseadas na exploração de “estados” corporais, promovem no espectador experiências perceptivas não usuais do espaço-tempo e, assim, sugerem novos nexos de sentido para o seu próprio cotidiano. A história da dança se faz das coerências instauradas pelas dramaturgias nos seus contextos.

Palavras-chave:

 

  • Toda coreografia é social: pensando a relação entre hip hop, mídia e comportamento

Helena Katz

PUC-SP

Doutor

Professora na PUC-SP e crítica de dança no jornal O Estado de S. Paulo

Resumo: Propor a coreografia como a estruturação, ao mesmo tempo, de uma forma de refletir sobre e também de dar forma à sociedade moderna (iHewitt, 2005) faz da dança um índice indispensável para as pesquisas em cultura. O trânsito entre palco e a rua já se dava nos anos 80, mas agora atinge uma extensão jamais ocorrida na história da dança brasileira. Isso resulta da combinação entre dois acontecimentos aqui apontados como hipótese: a mobilidade social ocorrida nos processos de formação do bailarino no nosso país e o fato da dança haver se tornado um vínculo social identitário. O texto trabalha o corpo que dança hip hop como teorizador de suas experiências sociais e entende a dança como algo que age na sociedade, modificando-a com a modelização do mundo que dissemina.

Palavras-chave: coreografia social, hip hop, danças urbanas

 

  • Corpo imaginativo

Hugo Leonardo da Silva

Universidade Federal da Bahia

Mestre em Dança

PPGAC Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (doutorado)

Dançarino

 

Resumo: Os entendimentos sobre o corpo, bem como da sua função na dança contemporânea, atualizam e colocam perguntas, à sua maneira, para o antigo debate em torno das relações entre o corpo e a mente. Tomando como exemplo, uma proposta de criação em dança que aponta uma idéia de uso técnico e poético do “imaginário” do dançarino, precisará esclarecer para si a forma com que a subjetividade se constitui por uma vida mental imagética e a natureza dessas imagens, especificamente no seu vínculo inalienável com as estruturas e vivências do corpo a cada momento. O neurocientista português Antonio Damásio, em seus livros de divulgação cientifica, oferece-nos subsídios para essa tarefa, e apresenta seus argumentos tendo em perspectiva as idéias na filosofia que são marcos no debate corpo e mente, como as de René Descartes e Baruch de Espinosa.

Palavras-chave: dança contemporânea, dualismo, imaginário.

 

  • Videodança Como Campo Dialógico: Uma análise baseada na obra Roseland de Wim Vandekeybus, Walter Verdin e Octavio Iturbe

Jaqueline Vasconcellos

Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia
Especialista: Programa de Pós-Graduação em Dança da UFBA.

Produtora Cultural, atriz e dançarina.

Resumo: Este artigo parte da pesquisa realizada para a construção da monografia Videodança como campo dialógico: uma análise baseada na obra Roseland de Wim Vandekeybus, Walter Verdin e Octavio Iturbe, resultado da especialização em Estudos Contemporâneos em Dança, oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Dança da UFBA, com orientação da Drª Lenira Rengel (PPGDança-UFBA). Pretende-se aqui discutir acerca das implicações das referências utilizadas para esta pesquisa, no processo de reconfiguração dos pressupostos de construção e análise crítica do campo Videodança.

Parte-se do pressuposto em ser este campo híbrido, resultado de processos de compartilhamento, portanto, com resultados artísticos que propõem-se como dialógicos, pois se estabelecem por meio dos processos criativos de vários autores: os diretores audiovisuais, o coreógrafo e os criadores-intérpretes.

Propõe-se com isto que ao entender Videodança como arte híbrida torna-se a pesquisa teórica acerca das suas estruturas discretas, definição proposta por Nestor Canclini (2003) aos elementos estruturantes do objeto híbrido, uma ferramenta necessária para a construção de obras expressivas que corroborem para a estruturação e o reconhecimento desta vertente em arte contemporânea no meio artístico e acadêmico.

Foram analisados referenciais teóricos que perpassam as áreas da Dança, da Comunicação e do Audiovisual, para estruturar o conceito de que os processos compartilhados ou como descritos no entendimento corrente, colaborativos, constituem artefatos de criação de obras híbridas que originam outras codificações, díspares das pertencentes ao ponto de partida da criação.

A obra de Videodança, portanto, seria um objeto dialógico entre as configurações de movimento em Dança e em Audiovisual, cuja expressividade dá-se por meio da pesquisa do Código e do medium destas áreas. Se não houver este entendimento de compartilhamento entre profissionais destas áreas, o resultado torna-se inócuo.

Palavras-chave:

 

  • Construção artística em dança contemporânea: questões da peformatividade e agência

Jussara Sobreira Setenta

Universidade Federal da Bahia

Professora Doutora

Resumo: Para tratar do processo de construção artística em dança contemporânea esse trabalho parte do entendimento de que dança se expressa num fazer-dizer. Assim apresentado esse fazer-dizer dá conta de um processo de construção artística em dança viabilizado por sujeitos-agentes que agem performativamente num espaço intersticial, num entre-lugar, um lugar de passagem onde transitam as informações internas e externas. Esse processo de construção/constituição permite a organização de falas que se constroem de modo intersubjetivo e em corpos que são mídias de si mesmos.

Palavras-chave:

 

  • Imagens do corpo: dança e performatividade na cena contemporânea

Laura Pacheco

Escola de Dança (Mestrado) UFBA-Universidade Federal da Bahia
Especialização
Pós-Graduação em Dança/ UFBA-Universidade Federal da Bahia
Jornalista, dançarina, performer, pesquisadora em dança

 

Resumo: O presente trabalho propõe refletir sobre questões referentes à imagem, corpo e dança, a partir da observação de procedimentos artísticos emergentes na cena contemporânea, onde há o encontro do corpo com as novas tecnologias. Experimentos artísticos atuais que se contaminam da imagem digital revelam que as novas tecnologias vêm trazendo outras possibilidades de criação artística em dança. Tais procedimentos parecem revelar um certo modo de alterar/subverter as relações espaço-temporais definidoras da experiência estética, de modo a trazer importantes questões para o debate que este trabalho se propõe.

O conceito de imagem que norteia este trabalho não se refere a um mero registro fotográfico do real, mas, um tipo específico de informação própria dos processos de comunicação em que as imagens do/no corpo tornam-se índices do seu tempo. Trata-se de uma informação que se materializa no corpo e onde a transitoriedade ocupa papel central, cuja proposta é defendida pela docente e pesquisadora Adriana Bittencourt.
Para isso, parte-se de um viés evolutivo darwiniano e de um entendimento de corpo como mídia de si mesmo, em que as trocas entre corpo e ambiente são provisórias e circunstanciais – cujo pensamento advém da teoria do corpomídia, das pesquisadoras Katz e Greinner. A abordagem deste estudo interessa-se também por um fazer artístico em dança que esteja comprometido com uma prática crítico-reflexiva do artista, considerando suas singularidades e condutas pessoais próprias; um corpo sujeito, propositor, preocupado e atento às questões de seu tempo e que problematiza seus pensamentos e idéias em forma de dança. Esse modo de pensar remete-nos a idéia de arte como ação política, cuja proposta está vinculada a idéia de performatividade, proposta pela docente e pesquisadora Jussara Setenta.

Palavras-chave:

 

  • Significados de um processo de criação em dança

 

Leila Bezerra de Araújo

CRAS – Centro de Referência de Assistência Social

Mestre em Artes Cênicas / Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da UFRN

Professora de dança e bailarina

Resumo: Essa pesquisa trata de investigar um processo de criação autoral em dança ocorrido na Gaya Dança Contemporânea da Universidade Federal do Rio Grande do Norte no ano de 2007. Nesse processo, o grupo produziu quatro coreografias autorais: A Partida, “Les Femmes Desolées”, “Myself” e Incontido.

Nesse momento optamos em olhar criticamente a primeira composição “A Partida” como ponto inicial para descrever um processo de criação em dança com enfoque nos significados artísticos e nos elementos significativos para os seus criadores e discutir esse processo como ponto de referência para novas configurações e reflexões sobre o corpo. Para isso, buscamos problematizar a pesquisa a partir da questão: Como o processo de criação em dança pode contribuir para a compreensão do corpo?

Para trilhar esse percurso adotamos a experiência como um caminho metodológico, mediante a reflexão de Chauí (2002) sobre o conceito desenvolvido por Merleau Ponty e a análise temática de Bardin (1977) para analisar as experiências vividas no processo de criação através da realização de entrevistas individuais com os sujeitos envolvidos.

Como resultado dessa análise podemos apontar como elementos importantes, os motivos que inspiraram as construções coreográficas, a construção de uma dramaturgia tecida de sentidos, a experiência inédita de viver um processo de construção coletiva, a utilização de diversas linguagens artísticas e o repensar da dança contemporânea e do corpo que faz essa dança. Para o desenvolvimento dessas questões dialogamos principalmente com autores como Ostrower (1995; 1987), Merleau-Ponty (2004), Pavis (1999; 2005) e Porpino (2006; 2008).

Palavras-chave:

 

  • A perspectiva coletiva a partir dos sistemas corporais BMC

Lela Queiroz / Clélia F.P. de Queiroz

Universidade Federal da Bahia

Professor Doutor

Professora no PPG Dança e na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia

Resumo: Tendo por base a característica fronteiriça de política do corpo nas artes da performance, investigar a construção da fisicalidade a partir da experiência do BMC-Dança, propondo que seu método de exploração e improvisação pelos sistemas corporais – e funcionamento coletivo no corpo – e os princípios de movimentos evolutivos operam diretamente ligados a questões de motivações e propósitos, conflitos de poder e limites inter-pessoais, contribuindo como metodologia alternativa para a composição de ações  e  jogo no scopo da performance em Dança, constituindo-se enquanto processos coletivos para a cena contemporânea. Aplicando os conceitos corpomidia (Greiner/Katz), corpomente (BMC) e corpoambiente (Lewontin) e a concepção metafórica da realidade (Lakoff/Johnson) apoiados pelas ciências cognitivas e teoria evolutiva, partindo da hipótese desses novos entendimentos do corpo na comunicação, propor explicar como a perspectiva da corporalizção/ embodiment em BMC podem compor processos em performance que instigam por seus procedimentos coletivos. Os laboratórios em busca de novos processos de criação de composições cênicas contemporâneas para o desenvolvimento do artista performer no campo da performance vem sendo desenvolvidos e mantidos a partir de pesquisa iniciada com Bolsa recém doutor CAPES 2008 e atividade no PPGDA – UFBA 2009 e grupo de pesquisa PROCEDA certificado no CNPQ .

Palavras-chave: – corpo – dança – performance

 

  • Dança e corpo como instrumento e como aplicabilidade – metáforas de implicações de políticas individualistas e dualistas

Lenira Peral Rengel

Professora doutora

Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia

Resumo: A multipartibilidade do corpo, sendo corpo não soma das partes, mas vínculo, relações e relatividades (enquanto ser relativo a) entre partes, efetiva uma negação do que é tratado como natureza humana (PINKER 2004) ou, natureza da arte. Essa natureza, faz do corpo instrumento de: trabalho; comunicação; suporte; a ser construído, moldado, esculpido. Com esse referencial, corpo vai servir inclusive para as artes que têm o corpo como meio de expressão. Chegamos, então, à dança. À dança aplicada. Em muitas políticas de criação na cena contemporânea, dança é entendida como arte aplicada a, serve para dizer algo ou ilustrar algo.  É fato. Metáfora da arte utensílio. Ao contrário de instaurar um diálogo interteórico, atribuição que Patrícia Churchland (1986) dá para redução interteórica. Conectar áreas de conhecimento ou mesmo reduzir conceitos de uma à outra não trata de aplicação e sim de reconhecimento das diversificações e parecenças. Investigar múltiplos saberes, programas de pesquisa agrupados configuram uma política de criação compartilhada, multifocada, flexível, necessária ao conhecimento (enquanto processo criativo em movimento). Entretanto, coexistência não implica em falta de singularidades. Há que se apagar as fronteiras entre o corpo que é meu e o corpo que sou (DANTO 1999). Outra reflexão é tratar da metáfora de instrumento como se corpo fosse algo que se habita, se manipula, mantendo entre tantos mitos dualistas o de um fantasma na máquina (PINKER 2004, DENNETT 1998, RYLE 1949). Metáfora linguísticas, emergentes do procedimento metafórico do corpo, que relacionam construção a construção do conhecimento, serão revisitadas no sentido em que camuflam processos coletivos em individualistas, ao tratar corpo como algo que dá conta de si mesmo, de ser seu próprio instrumento de aplicação.

Palavras-chave:

 

  • A problematização dos espaços da teoria e da prática nos processos coreográficos contemporâneos

Lucía Yáñez

Mestre em Teatro (UNI-RIO)

Resumo: Nas últimas décadas muitos coreógrafos parecem ter assumido a reflexão teórica como um recurso de trabalho, não apenas deixando-se contaminar por leituras e reflexões que se infiltram naturalmente nos seus respectivos processos criativos mas, em certos casos, propondo uma apropriação crítica de algumas estratégias retóricas “próprias” dos contextos acadêmicos. O emprego do dispositivo conferencial verificado nas performances de alguns coreógrafos europeus, analisado por Pirkko Husseman, e o crescente interesse dos artistas pela produção de auto-entrevistas e outros depoimentos análogos para debater ou expor os pormenores dos respectivos processos de trabalho podem ser lidos como exemplos desta apropriação. Estas operações poético-reflexivas não se deixam categorizar, nem subdividir, porque não se trata de oferecer documentos teóricos complementares para auxiliar a interpretação das obras cênicas ou para esclarecer os processos criativos, mas de propor experiências onde a separação entre  a teoria e a prática é deliberadamente problematizada. Por promoverem uma reorganização dos espaços do saber, ou por agenciarem, nas palavras de Jacques Rancière, distintas configurações da “partilha do sensível”, estas iniciativas se configuram como estratégias críticas.

Palavras-chave:

 

  • Dramaturgia de uma nau de loucos: uma possibilidade cênica

Maria Everalda Almeida Sampaio, Co-autoria: Profº Dr. Armando Sérgio da Silva

Membro da Cooperativa Paulista de Teatro e do Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator (CEPECA Mestre -

Doutoranda USP

Atriz, dançarina

Resumo: Este projeto de pesquisa de doutorado, ainda não iniciado, pretende criar uma prática metodológica de criação artística capaz de fornecer a dramaturgia cênica – texto, corpo, tempo e espaço – a partir do movimento do corpolouco (corpo do indivíduo considerado louco), de procedimentos técnicos da dança contemporânea e do diálogo com os conceitos de Corpo sem Órgãos (CsO), Corpomídia e Umvelt, que finalizará na produção de um espetáculo de teatro-dança.

Portanto torna-se necessário a compreensão dos conceitos – loucura, Umvelt, metáfora, antropofagia, Corpo sem Órgãos (CsO), Corpomídia, corporeidade entre outros e noções elementares da epistemologia, etologia, neurociência, que serão cruzadas com as teorias do corpo, filosofia e arte, para, em seguida, adentrar na questão da hipótese: o movimento do corpolouco é capaz de ser a cellula mater de uma prática metodológica de criação artística e de uma dramaturgia cênica?

Para alcançar este objetivo, torna-se necessário desenvolver exercícios de sensibilização do corpo e corpovoz, visando a construção de um CsO, sempre a partir do movimento do corpolouco; utilizar diversos exercícios de interpretação, técnicas vocais e corporais que se mostram necessárias durante a pesquisa; deixar as sensações e emoções provocadas pelo movimento virem à tona, até que surjam as linhas de fuga, as quais devem possibilitar  a criação.

Palavras-chaves: corpolouco, movimento, prática metodológica, teatro-dança.

 

  • A raiz da dança é o próprio corpo

Maria Helena Franco de Araujo Bastos

CAC- ECA/USP

Profa. Dra.

 

Resumo: O Musicanoar (fundado em 1992) percebe a cada nova coreografia outras diferentes investigações no corpo e na relação com o ambiente cênico. Dependendo da maneira que um discurso se formaliza no corpo, na organização de uma nova proposição coreográfica, a cada investigação um olhar expande-se. Os dançarinos, com seus entendimentos e atuações organizam novos pensamentos que se transformam na medida em que se tornam visíveis e aptos a compartilhá-los em um contexto – é o desejo – um contínuo que se move em dança. É vontade latente – sobretudo – de permanecer e sobreviver em dança.

Palavras Chaves: Dança, Corpo, Coreografia, Musicanoar e Continuidade.

 

  • Dança em ação: política de resistência no Encarnado de Lia Rodrigues

Marina Souza Lobo Guzzo

SESC SP

Doutorado em Psicologia Social

bailarina pesquisadora e assistente técnica da Gerência de Ação Cultural do SESC SP

Resumo: A arte é uma forma de comunicação que se relaciona a partir de uma rede de pessoas, coisas, forças e sentidos, numa experiência de partilha do sensível. Essa experiência compartilhada pode ter efeitos políticos e transformadores, entendendo político para além do exercício do poder ou do governo, mas como a atividade que organiza as pessoas, as coisas, as circulações e as maneiras de fazer. A proposta desta pesquisa foi entender como é construído o sentido político para uma obra de arte tomando como exemplo um espetáculo de dança contemporânea, o ENCARNADO de Lia Rodrigues. Partimos do pressuposto que um espetáculo de dança atua como uma rede de materialidades e socialidades e os sentidos políticos são construídos a partir de uma série de acontecimentos e atores, que caracterizam a potência transformadora da obra. A metodologia empregada neste trabalho foi feita com as contribuições da Teoria Ator-Rede (ANT), como um esforço de sistematização de uma forma de pensar e tratar a realidade que, ao invés de interpretar o mundo, visa descrevê-lo levando em conta a sua hibridização. As redes do ENCARNADO foram analisadas a partir da descrição (ou uma versão dela) do espetáculo de dança, de seus personagens, atores, materialidades, lugares, deixando o papel do pesquisador como aquele que evidencia diferentes narrativas a respeito do espetáculo, a partir das questões e problematizações junto com os atores. A ação política só pode se desenvolver a partir de um conjunto de ações paralelas e preparatórias, entrelaçadas na rede do ENCARNADO. Algumas dessas ações foram analisadas: escolhas temáticas e estéticas, as atuações do coreógrafo/bailarino em relação ao seu próprio trabalho ou às políticas públicas de dança, a escolha dos espaços e lugares de ensaio, pesquisa, criação e apresentação das obras e ressonâncias e repercussões junto ao público e à crítica). São elas que juntas, tornam visível o invisível, reinventando discursos e lugares para resistir no presente.

Palavras-chave:

 

  • Dramaturgia na dança: as relações teatro/dança no contexto contemporâneo

Sandra Corradini

Especialista – Psicopedagogia

PPGDança/UFBA

Intérprete-Criadora, Coreógrafa

Resumo: O diálogo entre dança e teatro não é recente. Também é sabido que as discussões relativas às delimitações epistemológicas acerca de um e de outro campo do conhecimento escapam à lógica das simples relações. No que tange à dramaturgia, muitas delas mostram-se permeadas por uma problemática que parece estar vinculada ao diferencial entre as informações já sistematizadas por estas distintas áreas: A dramaturgia na dança, por se referir a uma área em crescente expansão ainda pouco explorada academicamente ao passo que no teatro diz respeito a uma área que abarca um vasto campo conceitual há muito tempo investigado. Nota-se tal problemática reverberar para além do âmbito acadêmico, incidindo nos modos relacionais entre dança e teatro nos campos da retórica e da prática artística bem como nos processos de construção do conhecimento e do gosto estético daquele que vivencia a dança, seja através da experiência enquanto espectador ou do estudo teórico e/ou prático no contexto do ensino da dança.

Com interesse em deslocar a hierarquia nas relações entre dança/dramaturgia e teatro/dramaturgia, este artigo propõe uma abordagem co-evolutiva entre dança e teatro para compreender a dramaturgia na dança como síntese emergente dos processos relacionais entre ambos inseridos em zona de transitividade. Lugar transitório onde co-operam dois ou mais campos disciplinares para configuração de sínteses, zona de transitividade também é discutida aqui como um lugar onde embates conflitivos implicados no processo seletivo das informações ocorrem com intenção colaborativa, pautados em negociações entre distintas lógicas operantes neste processo. Reiterantes da interdisciplinaridade, as trocas informativas implicadas nas relações teatro/dança realizadas em zona de transitividade propiciam a ininterrupta configuração e complexificação de seus campos ao mesmo tempo em que lhes instauram especificidades;

Palavras-chave: dança, teatro, dramaturgia, zona de transitividade, co-evolução.

 

  • O mar inventado na carne

Sônia Machado de Azevedo

Pesquisadora, atriz, professora, consultora e escritora.

Fundação das Artes de São Caetano do Sul

FASCS – Escola de Teatro: consultora de educação continuada.

Teatro Escola Célia Helena: professora de expressão corporal e coordenadora da área de corpo.

Escola Superior de Artes Célia Helena – ESCH: professora de práticas corporais.

Resumo: O texto refletirá  sobre a criação cênica e a importância do corpo do intérprete nas artes presenciais, tanto do ponto de vista dos processos artísticos que ai vão se estabelecendo durante a fase de pesquisa e se entrelaçam na forma que vai nascendo e se desenhando a cada ensaio, quanto do ponto de vista da estreita colaboração da luz e do som na ampliação dos modos de se configurar um corpo em cena, um corpo vivo que dialoga com os elementos interiores e exteriores a si mesmo – recordações e imagens internas e o espaço aberto do palco e a luz – e que invade com sua presença ardente a platéia procurando um contato existencial e de oferenda com cada um dos presentes.

Visando examinar, a partir de um depoimento, o corpo do intérprete enquanto oferta arcaica de contato, enquanto oferecimento ao olhar do outro, enquanto acolhimento do “outro” nesse mesmo organismo vivo e recriado pela arte, o texto pretende pensar a dor presente na arte: dor a partir da qual se cria, dor moradora do corpo primitivo, do corpo história e do corpo aculturado e crescido deixando-se invadir e invadindo, perguntando e respondendo no quotidiano e nos terrenos da arte, todas aquelas mudas perguntas pertencentes, ao mesmo tempo a tempos imemoriais e ao tempo presente de cada uma das nossas vidas, das cidades e da civilização humana. O que intenta o corpo que se coloca em cena nas artes presenciais? O que quem é  esse corpo? Quais as modificações que sugere, quais as vias de pensamento nas quais trafega no aqui agora dos espaços onde se apresenta? O que representa se representa? Como diz o que tem que ser dito se é que tem que ser dito? Como habita um espaço que é real e imaginário ao mesmo tempo e qual é esse tempo a ser contado, quais são seus tempos, os do relógio ou os imemoriais que retornam na recuperação que essas artes tornam possíveis? Como apresenta esse corpo seus segredos guardados na energia mais oculta em músculos e nervos, no fundo mais denso dos ossos?

Palavras-chave: Processos de criação, interpretação, representação, teatro-dança, recepção estética