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A reflexão sobre territórios e fronteiras da ação cênica busca um mapeamento
das relações entre a cena e/ou a ação artística e o contemporâneo e seus
terrenos estéticos, afetivos e referenciais expandidos. A fronteira é um dos
pontos focais de operação, definida como linha de trabalho, um valor, um lugar,
uma opção, um campo de ação, um front, uma zona de conflitos e negociações
ou até mesmo um estado de espírito. Estas fronteiras movediças, cambiantes e
comunicantes delimitam uma noção de territórios igualmente movediços,
cambiantes e comunicantes e, neste sentido podem ser considerados entre-
lugares, entre-pensamentos e entre-tempos. Nos interessa a ruptura com o
tempo causal, linear das experiências com as quais trabalhamos. Nos interessa
o movimento de travessia, de fertilização cruzada, de hibridização, de
contaminação e de mediações entre as artes cênicas e outras artes, textos
culturais, geopolíticas e discursos estéticos.

Intensas reterritorializações, desterritorializações, desfronteirizações,
reformulações conceituais e novas linhas de fuga à idéias hegemônicas sobre
o evento cênico configuram uma rede rizomática de objetos de investigação e
de poéticas artísticas do GT. Esta rede inclui pára-teatralidades, intermídias,
novas tecnologias, teorias de recepção, a crítica, o corpo em cena, oralidades e
dramaturgias, a desconstrução de identidade(s) e gênero(s), performance e
manifestações de resistência, bricolagens e velaturas cênicas, mediações
telemáticas, performatividades artísticas, a telepresença, virtualidades, os
espaços cênicos, rituais, o performador(a), o figurino e a cenografia como
escrita dramatúrgica, o trabalho-em-progresso, processos, a autonomia do ator,
o treinamento e gramáticas artísticas. Em um topos pós-estruturalista, nosso
objeto de estudo permanece sendo a busca por uma epistemologia da
performance artística e do corpo em ação artística testemunhada. Privilegia-se
o estudo de experiências artísticas inter e trans culturais (disciplinares, textuais
e espaciais…) que apontam para outros territórios, objetos, poéticas e
linguagens originados pela colaboração artística.

Fernando Villar (UnB) e José Da Costa (UNIRIO),

Jornal Informativo da Abrace, 2004,

com colaboração de Christine Greiner (PUC-SP), Renato Cohen
(UNICAMP/PUC-SP) e Sílvia Fernandes (USP).