Coordenadora: DENISE MANCEBO ZENÍCOLA
Vice coordenador: NATACHA MURIEL LÓPEZ GALLUCCI
Os Estudos da Performance constituem um campo intelectual e artístico, implementado como campo de estudos acadêmicos a partir da década de 1970 e das experiências de pesquisadores internacionais tais: Richard Schechner, Victor Turner, Diana Taylor, assim como Franz Boas, Clifford Geertz, Michael Taussig, entre outros. Na reaproximação entre arte e vida, as dimensões da performatividade humana são abordadas numa visão transcultural e transdisciplinar, o que cria possibilidade de participação e compreensão da heterogeneidade dos eventos e resulta na criação de campos de conhecimento.
Na busca de transversalidade e de inclusão disciplinar de saberes, não apenas em caráter cumulativo, os Estudos da Performance partem de um enfoque que atravessa o espetacular e o cotidiano, e nesse intercâmbio se estabelecem movimentos de reciprocidade e retroalimentação entre as diversas formas de conhecimento. Gesta-se assim um território de pesquisas fronteiriças entre Artes Cênicas, Antropologia, Drama, Linguística, Filosofia, Ciências Sociais, Estudos Culturais, Literatura, Audiovisual, Dança, Música, Artes Visuais, etc., cujo corpus teórico conforma um verdadeiro “intercampo”.
No centro de suas preocupações está o estudo do homem como produtor de sentido, como sujeito comunicativo, seja desde a abordagem da etnografia da performance de natureza política (Dwight Conquergood), em métodos críticos de performance transversal Performing Transversally (Bryan Reynolds), desde uma visão sociológica e psicanalítica (Julia Kristeva, Erving Goffman, Antonin Artaud), desde a filosofia (J.L. Austin, Judith Butler), desde a práxis ensaística e crítica (Eve Kosofsky Sedgwick, Shoshana Felman, Oscar Masotta), entre outros. Procura-se sempre analisar a obra que recria comportamentos em relação ao seu contexto, sua interação com a plateia, suas inter-relações sociais e políticas nos processos transnacionais de descolonização, bem como seus contextos culturais, estando aberta a todas as perspectivas sempre que bem fundamentadas.
A reflexão dos conceitos passa-se à diversidade de abordagens, tanto em termos de objetos quanto de metodologias, sendo que, mais que um esforço em afinar ideias, o mais importante é discuti-las e até contradizê-las.
Através de uma preocupação crescente com as questões conceituais e do estabelecimento de linhas de pesquisa que abordam, paradoxalmente, aspectos tradicionais e contemporâneos das manifestações performáticas são enfocados desde a liminaridade das performances culturais aos elementos técnicos e tecnológicos próprios da arte da performance; reafirmam-se assim conhecimentos e experiências das mais diversas ordens no contato entre a vida e a arte. A reflexão plural segue o seu multifacetado objeto.