A Revista Sala Preta abre chamada para contribuições ao dossiê PERFORMATIVIDADES NEGRAS, com prazo de submissão até 31 de julho, e publicação prevista em dezembro. Para este dossiê, contamos com a colaboração de três editores/as convidados/as, cujas presenças, saberes e fazeres são fundamentais para a abordagem do tema: Franciane Kanzelumuka Salgado de Paula, da Universidade do Distrito Federal Professor José Amaury Maia Nunes; Renata Aparecida Felinto dos Santos, da Universidade Regional do Cariri; e Rodrigo Severo, da Universidade Federal da Bahia.
Tratar das performatividades negras na área das Artes Cênicas significa olhar para um conjunto dinâmico e polissêmico de práticas artísticas, culturais e pedagógicas, bem como enfocar modos de vida, sistemas de pensamento, saberes-fazeres e estratégias de reexistência do povo negro da diáspora africana no Brasil. Todas essas são práticas de enfrentamento dos efeitos e consequências do colonialismo e do racismo na sociedade contemporânea. Neste contexto, as experiências de pessoas negras, com seus signos e símbolos da(s) negritude(s), são elaboradas desde e através do corpo, local por onde o conjunto de suas práticas culturais e artísticas se expressam, possibilitando a elaboração e a produção de conhecimento a partir de uma perspectiva singular do mundo.
A pluralidade de performances afro-orientadas, deste modo, entrelaçam os modos de criação e manifestação da cena com formas de aquilombamento que mesclam tradições negro-africanas e suas reelaborações na diáspora. Deste modo, estão tanto ligadas ao ato de imaginar, no sentido da produção de imagens, ações, fabulações e narrativas – a partir de uma leitura sensível do mundo, perpassada por vivências individuais, comunitárias e coletivas –, quanto à invenção de outros mundos possíveis, pautados em perspectivas antirracistas e, quiça, “contracoloniais” (Bispo dos Santos, 2023).
Num sentido mais amplo, as performatividades negras são compostas por diversos repertórios, saberes incorporados, conhecimentos alternativos e contestatórios, que possibilitam deslocamentos, rupturas e tensionamentos da ordem cotidiana, subvertendo as hierarquias sociais, raciais e pedagógicas. Como nos adverte Leda Maria Martins, “[…] a linguagem dos tambores, sopro dos antepassados, investida de um éthos divino, agencia os cantares e a dança, de forma oracular, prenunciando uma subversão da ordem social, das hierarquias escravistas e dos saberes hegemônicos” (Martins, 2021, p. 123).
Esta chamada convida autoras e autores a contribuirem com este tema através da submissão de textos inéditos – artigos, entrevistas, críticas, resenhas e traduções – sobre as performatividades negras em diferentes abordagens cênicas e pedagógicas, que visam o fortalecimento e a visibilidade das humanidades e identidades negras em e na cena.
Os tópicos a seguir apontam abordagens possíveis para o tema, sem prejuízo de outras formulações:
- Ações contracoloniais e o enegrecimento da cena;
- Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico nas Artes da Cena;
- Performances negras tradicionais e contemporâneas;
- Teatros negros e ancestralidade;
- Teatros negros em perspectiva pedagógica;
- Danças negras em contextos teatrais e tradicionais;
- Danças negras e a pesquisa em Artes Cênicas;
- Mulheridades negras, feminismos e poéticas negras;
- Repertórios e ações antirracistas;
- Artes Cênicas negras e lutas sociais;
- Dramaturgias negras e escrevivências;
- Pedagogias dos teatros afroreferenciados;
- Perspectivas historiográficas das teatralidades e cena negras;
- História, memória e cena negra;
- Processos de criação e negritude;
- Gênero, sexualidade e a cena negra;
- Interseccionalidade e a cena negra.
Referências Bibliográficas
BISPO DOS SANTOS, Antônio. A terra dá, a terra quer. Imagens de Santídio Pereira; texto de orelha de Malcom Ferdinand. São Paulo: Ubu Editora/PISEAGRAMA, 2023.
MARTINS, Leda Maria. Performances do tempo espiralar: poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.
A Revista Sala Preta aceita artigos, entrevistas, críticas, resenhas e traduções que se vinculem conceitualmente às Artes Cênicas em campo expandido. As submissões devem estar de acordo com os padrões do periódico. Serão aceitos materiais originais (não publicados) e a avaliação é feita pelo sistema duplo-cego. A Revista é de livre acesso para autores/as e leitores/as e não cobra taxas de submissão ou publicação.
Além do dossiê, a Revista publica artigos sem restrição temática, recebidos em fluxo contínuo e considerados e avaliados junto de cada ciclo editorial. Os artigos de tema livre recebidos até 31 de julho serão considerados para publicação no vol.23 n.3 da Revista, fora do dossiê temático. Textos enviados após este prazo serão considerados no ciclo editorial seguinte.
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