Coordenador: PAULO MARCOS CARDOSO MACIEL
Vice Coordenador: JOÃO CICERO TEIXEIRA BEZERRA
O GT História das Artes do Espetáculo, da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (ABRACE), desde sua criação até hoje tem se mostrado espaço fundamental para a troca de experiências e para a discussão de resultados de projetos de pesquisa, em curso ou finalizados, de seus integrantes ligados à diferentes instituições e programas de pós-graduação. Neste sentido, podemos dizer que o GT pode ser visto como um sismógrafo do que se produziu e vem se produzindo no nosso campo comum de estudos voltado à reflexão crítica de temas, problemas, objetos e abordagens, relacionados às histórias das artes do espetáculo.
A questão central de fundo, que articula os trabalhos apresentados, gira em torno, guardadas as particularidades dos objetos e dos temas, dos modos de contar histórias, ou, em outras palavras, das teorias e metodologias que informaram e informam as diferentes escritas da história das artes do espetáculo.
Mas, sendo um campo de estudos transdisciplinar, a tarefa de conceptualização histórica dos seus termos de pesquisa e análise opera nesse lugar de fronteira, que reúne letras e teoria literária, ecologia, filosofia, ciências humanas, com as artes do espetáculo (performance, teatro, dança, circo, dentre outras manifestações artísticas, culturais e ou cotidianas, entendidas por esse prisma). Desta perspectiva, o GT funciona como uma espécie de guarda da memória das visões do campo de estudos e, ao mesmo tempo, como um transmissor das suas fórmulas, conforme revela o acervo de resumos, resumos expandidos e trabalhos completos apresentados nos congressos e nas reuniões cientificas da Associação, desde sua criação.
A trajetória do GT também revela a crescente diversidade e pluralidade no que tange a origem e a formação das (os) pesquisadoras (es) vinculadas (os) ao grupo de trabalho e as questões atinentes à revisão crítica que, nos últimos tempos, acompanha as mudanças no universo das fontes, das teorias, das metodologias, historiográficas. Por outro lado, é possível observar também a contribuição que vem sendo dada pelo GT na expansão e redefinição do universo que interessa à história do teatro brasileiro deslocando conceitualmente determinados eixos temáticos que orientaram durante certo tempo, e de maneira geral, os enfoques dos trabalhos apresentados nos encontros. Eixos que têm sido revistos nos últimos tempos em função das escolhas feitas dos objetos, problemas e abordagens voltados, por exemplo, ao teatro negro, a diáspora africana e a presença da negritude nas artes do espetáculo, ao papel e ou a temática das mulheres e dos LGBTQI+ silenciados nas narrativas mais tradicionais, ao descentramento do ponto de vista historiográfico do teatro brasileiro concebido sobretudo a partir do Sul e Sudeste do país, ao questionamento das fronteiras nacionalistas das narrativas históricas e, por fim e não menos importante, à visão eurocêntrica da história das artes do espetáculo, especialmente no Brasil.
Muitos são os desafios epistemológicos, éticos e políticos colocados hoje à história e à historiografia das artes do espetáculo e, embora seja um campo de estudos relativamente recente, sua memória nos mostra que a situação não foi diferente no passado, basta uma rápida consulta à Biblioteca do GT ou, então, aos depósitos de dissertações e teses dos programas de pós-graduação em teatro, dança e ou artes cênicas. Nesta direção, o GT afirma seu compromisso com as diferentes vozes que fazem parte de sua história e das lutas de nosso tempo.